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Friday, 20 April 2007

percursos desenhados


série | porto

Louis Kahn

É no domínio do inacreditável que se situa
A maravilha do surgimento da coluna.
Do muro, emergiu a coluna.
O muro fez bem ao homem.
Com sua matéria e com sua força,
Ele o protegeu contra a destruição.
Mas, logo, o desejo de olhar lá para fora
Levou o homem a abrir ali um buraco,
E o muro, ferido então, exclamou:
“o que você está a fazer comigo? Eu protegi-o, eu dei-lhe segurança,
E agora você abre um buraco em mim?”
O homem respondeu:
“Mas eu olhei lá para fora”
Eu vejo coisas lindas lá fora.
E quero olhar!”.
O muro, porém, ainda se sentia muito triste.
Mais tarde, não contente com o buraco,
O homem abriu ostensivamente o muro,
Com o cuidado, porém, de revestir o vão com filetes de pedra,
Colocando, ainda, um lintel sobre ele,
E logo o muro sentiu-se muito bem.

A ordem de construir muros revelou
Uma ordem de construir muros com aberturas.
Assim surgiu a coluna,
Como uma ordem maquinal
De construir aquilo que se abre
E aquilo que não se abre.
Um ritmo de aberturas foi determinado pelo próprio muro,
Que então deixou de ser muro,
E passou a ser uma sequência de colunas e vãos.
Essas realizações não são encontradas na natureza.
Elas surgem da misteriosa faculdade
Que o homem tem de expressar as maravilhas da alma
Que requerem ser expressas.